Tecnopasse Hackianista


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Apresentação

E se os hackers e geeks do mundo inteiro inventassem uma religião que explora uma concepção cosmológica da vida artificial? E se através de suas crenças criassem uma ritualística própria para aproximar o homem de uma visão sacralizada da tecnologia? Se provassem que não vivemos uma dependência da tecnologia e sim uma relação superação de nossas próprias limitações e criação de novas formas de relações sociais através dela?

Existe um universo onde a máquina é o que intermedia, reconecta e transcende nossa experiência material com o espaço e com o outro.

Este mundo é a cosmologia criada pelo Hackianismo. Uma religião de intermediações transhumanas na crença da plena reconfiguração da mente através da tecnologia. Aqueles que cultuam o Hackianismo tem a consciência de que as energias que regem o universo também circundam nossa atmosfera em forma de bits e bytes, códigos, chips, dados, ondas e cabos. Os hackianistas acreditam na ubiquidade dos seres humanos que circulam pela rede
como informação e na existência de entidades que podem olhar por nós e indicar os caminhos para a evolução de um espiritualismo tecnológico.

Hackianista é aquele que interage com a tecnologia e se abre para o diálogo com essas entidades para desenvolvê-lo e torná-lo hábil a utilizar a tecnologia a seu favor. Para que esse diálogo e interação aconteça, o Tecnopasse, ato de canalizar os fluídos e energias tecnologizadas para o tratamento dos males que afetam e afligem o ser hackianista. O tecnopasse é uma das práticas ritualísticas high tech, na qual o performer representa uma entidade do Hackianista. Em suas mãos e na sua conexão corporal com a vida artificial que
circula nas máquinas, dispositivos de transformação que mediam o contato com os seres humanos e contribui para um uso mais fluído da tecnologia.

No Tecnopasse, o indivíduo vê-se em uma atmosfera que canaliza a influência dessas entidades. No surpreendente embate com uma nova cosmologia, a máquina surge como questionadora das suas ações frente ao mundo tecnológico. Encaminha-se então ao encontro dos seres que manifestam as entidades hackianistas e repousam seus dispositivos sobre as partes do corpo onde se situam os problemas apresentados pelo indivíduo. Do contato surge
a energia e o fenômeno de incursão em um território de consciência do ser tecnológico. No Hackianismo homem e máquina são uma só energia.

“O futuro do hackianismo é tornar todos os seres humanos ciborgues.”

Método

Para que seja realizada, a performance requere a montagem de um ambiente especial para que aconteça o tecnopasse, com aparência semelhante aqueles pertencentes as de religiões de matriz africana. Neste espaço o interator é convidado, pelo assistente hackianista, a escrever em um computador, o que ele acha que a tecnologia pode fazer por ele e depois ele é conduzido a dialogar com a entidade hackianista que se apresenta através do performer.

Através do diálogo com a entidade, se define em conjunto o que é necessário para cada interator, amor, saúde ou sabedoria, assim a partir desta escolha, um vídeo e um áudio serão disparados.

O dispositivo No light, Yes move (NLYM), instalado em uma das mãos, tanto da entidade quanto do assistente, fará o controle da velocidade do vídeo e do áudio, respectivamente, enquanto acontece a performance tecnopasse.

Ao final do tecnopasse, o interator é conduzido, pelo assistente a se retirar da sala.

Conclusão

Tecnopasse Hackianista, dialoga com a crença das pessoas em um mundo melhor, podendo esta, se utilizar dos mais diversos meios para isto, no caso a tecnologia, para alcançar este objetivo.

Apesar de parecer uma simples abordagem, chegando ate a ser cômica, a ideia é refletir sobre as possibilidades do uso da tecnologia para os mais diversos fins, trocando seus símbolos e assim resignificando cenários e ações.

Equipe

Autores: Carolina Berger, Nigel Anderson & Rodrigo Rezende

Colaboradores

Celio Ishikawa
Danilo Baraúna
Fernanda Duarte
Herbet Castanha
Leandra Plaza